A voz da poesia
a voz da poesia
não precisa ser um grito
um brado
a voz pode ser um sussurro
um tatear no escuro
a voz pode ser súbita
súbita como um murro
te tira dos pés chão abaixo
a voz pode ser lacônica
monotônica
e ainda assim
icônica
a voz pode ser breve, distante, pedra
a voz é um grito silencioso
um sussurro estrondoso
um claro enigma
uma mentira que conta a verdade
uma morte que não encerra
a voz que não se ouve mas a todos alcança
e nada
nem que a gente morra
desmente o que agora chega a minha voz