Expectativas
Dias que nascem, e não precisem mais terminar.
Noites que deviam jamais amanhecer,
Tempo que corre quando devia parar
E congela quando devia correr.
Raios ensolarados meados a manhas cinzentas
Foram fornos e formas, formam nuvens barulhentas
Gotas fortes na sacada, na janela, no vidro, a tormenta
No relicário, bem guardado, a simpatia, a ampulheta.
A arreia corre e o tempo cura
Cai o mundo, em penumbra
Em parcelas, em rupturas
Breves brechas em breves ruas
Bravos homens, bravas criaturas
Breves versos, brisas, brumas
Sonhos bestas, silhuetas
Sem lamentos, incertezas
Sem o coro ou a trombeta
Sem ar mundano ou pureza
Sem ciclo, vício ou etiqueta
Suspiros vivos sem tristeza.