Amarelo e negro

há ao meu redor

dezena de pessoas boas

dezena de entes queridos

com os quais aprendo e vivo

o amor diariamente

o amor que me preenche

o amor que retribuo

ou assim tento fazer a cada olhar

sorriso

aceno

abraço

e me desculpe se por ti eu passo

e não lhe vejo

minha mente está perturbada

na ilha que eu habito

o mar que a cerca é tempestuoso

cheio de cachorros ensandecidos

rasgam o fino tecido

do meu bem-estar

ululam esganiçados

querem a minha paz e o meu chamado

latidos frequentes e insistentes

me acuam

me escondem

me confundem

procuro abrigo no peito do meu traidor

risco os quadros

buscando a matemática que tenha lógica

(minhas contas envolvem amor e amor)

esbarro em cifras infindáveis

inesgotáveis

inexauríveis:

a tudo justificam

os cachorros troceiros

cercavam-me

pulavam

rosnavam

encurralavam-me

e gargalhavam

Deus meu

como gargalhavam

Deus meu

não paravam