O TESTAMENTO

Olho ao longo da estrada

que deu numa encruzilhada,

os amigos, os parentes,

não seguem o mesmo trajeto.

Já não os vejo e por certo

alguns nunca mais verei.

Lugares, casas, pessoas,

coisas ruins, coisas boas,

tudo que me acalentava

nessas andanças da vida...

Só me resta o assovio

das toadas que cantei.

Entre amar e ser amado,

sonhos e desilusão,

abri mão da própria sina.

Pra fugir da solidão

tranquei-me na imensidão

da poesia na retina.

Mas um imenso vazio

não cabe no testamento

mágoa, paixão, sentimento,

poemas que degustei,

beijos por mim não roubados

risos que não derramei.

Vou usar do que me resta,

gozar do que há por vir,

lembrança sempre arrumada,

sei que não levarei nada,

mas deixo a saudade pronta

pro momento de partir.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 06/11/2015
Reeditado em 06/11/2015
Código do texto: T5439436
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