Rendição
Despede-se a tarde de primavera
Pela janela o céu sequestra a minha alma
Fito marmorizada a calmaria dessa despedida
Deitando-me sobre o vento que beija-me suave
Permito que meu olhar divague no divã do meu
fim de tarde
Daqui a pouco o céu vai se cobrir lentamente
A doçura da noite chegará sussurrando uma
canção perdida
Não importa se não tenho um violão nas mãos
Porque a música se faz no instante da poesia
E se na madrugada eu ouvir a chegada de Pegasus
Lá vou eu, sem perguntar o destino do voo
Vou desenhar eternos segundos de segredos no tempo
Pode ser que eu chegue a alguma casinha na colina de sonhos
Quem sabe lá as taças sejam de cristais?
Mas... por enquanto ainda é apenas o fim de uma tarde
desenhando as horas em mim
Embriagando-se nos meus versos que sussurram
Deslizando em minha pele seus encantos
Podem adormecer todas as palavras! Que descansem.
Falam os olhos, fala a pele, deixe falar meus movimentos
Cores se misturam , ares que se fundem
O peito imita as ondas do mar
Sobe e desce, e sobe e desce...
Ora sossegado, ora extasiado. Invadido, bem mais que invadido!