Esculturas

Há certos desastres que desejamos fazer parte...

Nossas vidas são sucessões de catástrofes emocionais

Batizadas com o nome de quem passam por ela

Somos monólitos lançados pelo desejo

Se chocando nas esquinas do acaso

Nos machucando para lapidar uma expressão

Que nos abre por inteiro em um sorriso

Para depois nos trincar por dentro

Nos torturando com a memória que se constrói

Nas rachaduras vazias de nossa alma

Ecoando um grito desolador para anunciar

O desespero de nossa brutal solidão

Somos despedaçados pelo excesso de risos

Que nunca mais iremos sentir

Nos rasgando cada um com sua identidade

Deixando conosco apenas o vestígio cruel

De uma imensa e avassaladora saudade

E mesmo sabendo disso ainda nos atiramos

Um na vida do outro, nos invadimos

Sendo esculpidos pela violência das paixões

Porque aquele que se priva disso

Passa pela vida sendo apenas pedra

Somos as esculturas ambulantes do amor

Destinadas a se fragmentarem

Para constituir o belo e trágico mosaico da vida.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 01/11/2015
Reeditado em 19/11/2015
Código do texto: T5433978
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