MECANO
sou o óleo sujo de teu coração industrial
a engrenagem morta, a imprestável peça
o metal barato de tua mecânica inversa
o teu pobre e obsoleto ferramental
como grãos incandescentes de tua mão
sou um pássaro tolo dalguma mitologia
sucata de uma anti-diluviana tecnologia
aparentado do aríete e do arpão
sou o alicate amputado
o serrote desdentado
o artífice asdobre
sou chave que não abre
a crosta negra, o zinabre
que envergonha o teu cobre