Minha mais tola metáfora
Um pomposo colar de esmeraldas
lhe abraçava o pescoço displicente.
Nenhum olhar ficava indiferente
ao brilho de tais contas peroladas.
A bela dama, ar de inocente,
olhar errante (súdito do riso)
dava sinais fugazes, imprecisos...
qual fosse o sibilar duma serpente.
O colo insinuante era um aviso.
Um convite silente e indiscreto.
Aquele olhar que fez ficar ereto
o pomo de Adão no paraíso.
E eu, o novo Adão de hoje em dia,
a cobiçar maçãs de silicone,
peguei, discretamente, o telefone
como que examinasse a bateria.
Então ela se foi pra junto ao mar,
pôs o belo colar por sobre a areia
e tão inquieta, quanto a maré cheia,
despiu-se sob a benção do luar.
E eu, um Don Juan de lua cheia,
a cobiçar quadril lipoaspirado,
Grasni alguns acordes de pecado
pra confundir o canto sereia.