Primavera em um crepúsculo
Vinte oito primaveras em um jardim ausente de flores
Aqui há somente pétalas imersas no sonho de um ato
Implodido na solidão de um anjo de éter
Que virou meus olhos para dentro do aquário sinestésico
Colocando suas asas no meu coração
Uma arraia de urânio planando sobre um abismo de ilusões
Projetadas por uma criança cega com um corte fundo no pé
E uma ânsia doentia de correr no vento,
Um lapso no elã prolífero da natureza
Um coágulo no orifício entre os vértices da ampulheta
Um espaço vazio entre o cosmos fora de órbita
Onde habitam todos os sonhos nunca realizados
E os desejos nunca concedidos
Habito entre a elipse dos olhos de Deus
Onde um anjo fugitivo me abraça
E tece em meu peito
As magnólias de minha última primavera.