Primavera em um crepúsculo

Vinte oito primaveras em um jardim ausente de flores

Aqui há somente pétalas imersas no sonho de um ato

Implodido na solidão de um anjo de éter

Que virou meus olhos para dentro do aquário sinestésico

Colocando suas asas no meu coração

Uma arraia de urânio planando sobre um abismo de ilusões

Projetadas por uma criança cega com um corte fundo no pé

E uma ânsia doentia de correr no vento,

Um lapso no elã prolífero da natureza

Um coágulo no orifício entre os vértices da ampulheta

Um espaço vazio entre o cosmos fora de órbita

Onde habitam todos os sonhos nunca realizados

E os desejos nunca concedidos

Habito entre a elipse dos olhos de Deus

Onde um anjo fugitivo me abraça

E tece em meu peito

As magnólias de minha última primavera.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 25/09/2015
Reeditado em 19/11/2015
Código do texto: T5394532
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