Morte Súbita
Onde está a caixa que guarda os sentimentos mais puros
De pessoas que existiram todo seu tempo
Trancadas no silêncio de uma alma frágil
Diante de uma civilização edificada no meio de um coliseu?
Quem usará os amores não vividos
Pelos anjos mórbidos da terra que tanto quiseram amar
Mas minguaram seus gestos adoecendo submersos
No licor da melancolia,
Intimidados por um mundo que se esqueceu de sentir?
Como tocar o coração da humanidade
Sendo que todos estão usando escudos
Pelo pavor de perder velando o medo de sofrer?
Seria possível perderem o medo da vulnerabilidade
E me abraçarem de peito nu
E tudo que for dito não ser guiado pela vaidade?
A vaidade superou todos os sentimentos
Colocando-os em um tabuleiro,
Tudo o que sentem hoje é baseado em perda e ganho
Uma hierarquia obscura,
Tudo virou um jogo
(Ou sempre foi muito bem disfarçado)
Que prefiro abandonar
Antes de deixar a vida
Se trancar em um tempo de morte súbita.