São os chefes
Bem ali há um menino
Perdido entre cinzas vitrais.
Onde é que estão os seus pais, meu bem?
Onde é que estão os seus pais?
Observo esse olhar ferino,
O deixaram na beira do cais.
Onde é que é que estão os seus pais?
Onde é que estão seus irmãos do fundamental?
Onde é que estão aqueles antigos rivais?
Onde é que estão os seus colegas do colegial?
Onde é que estão aqueles ditos seus iguais?
Onde é que estão os seus pais, meu bem?
Onde é que estão os seus pais?
Não, não há mais cores,
Só efêmeras tardes o resta,
Não há mais nem amores,
Não há nem mais os sonhos,
Não há mais jardins nas flores.
E os tais chefes risonhos
Com seus rifles carregados
Munidos de bolas de fogo.
Onde é que estão os seus tios?
Onde é que estão seus avós?
Para onde é que foram os frios?
Mas ele já perdeu até mesmo a voz.
Perdido com os olhos vendados,
Dizem eles ser só um jogo.
Onde é que estão os seus pais, meu bem?
Onde é que estão os seus pais?
Foi só o vento lá fora.
São os chefes atrás dos seus pais,
Já vão indo embora.
Então promete:
Esquece e volta a dormir em paz.