São os chefes

Bem ali há um menino

Perdido entre cinzas vitrais.

Onde é que estão os seus pais, meu bem?

Onde é que estão os seus pais?

Observo esse olhar ferino,

O deixaram na beira do cais.

Onde é que é que estão os seus pais?

Onde é que estão seus irmãos do fundamental?

Onde é que estão aqueles antigos rivais?

Onde é que estão os seus colegas do colegial?

Onde é que estão aqueles ditos seus iguais?

Onde é que estão os seus pais, meu bem?

Onde é que estão os seus pais?

Não, não há mais cores,

Só efêmeras tardes o resta,

Não há mais nem amores,

Não há nem mais os sonhos,

Não há mais jardins nas flores.

E os tais chefes risonhos

Com seus rifles carregados

Munidos de bolas de fogo.

Onde é que estão os seus tios?

Onde é que estão seus avós?

Para onde é que foram os frios?

Mas ele já perdeu até mesmo a voz.

Perdido com os olhos vendados,

Dizem eles ser só um jogo.

Onde é que estão os seus pais, meu bem?

Onde é que estão os seus pais?

Foi só o vento lá fora.

São os chefes atrás dos seus pais,

Já vão indo embora.

Então promete:

Esquece e volta a dormir em paz.

Anna Julia Dannala
Enviado por Anna Julia Dannala em 23/09/2015
Código do texto: T5391923
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