POETA DE ENCOMENDA

Faço meus versos porque gosto

Mas aceito os de encomenda

Os que eu faço, na feira, os vendo

Já os pedidos vão diretos pra sua tenda

Sem distinção no conteúdo

Escrevo o que me vem na telha

Peço que paguem com o graúdo

Senão, uso gravetos, sobre a areia

Tenho uma tabela de valores

Faço versos de variadas maneiras

Alguns servem aos meus senhores

Outros, nem tanto, se retém nas peneiras

Os que eu ponho na bacia

Vendo-os aos preços das bananas

Já os que me pedem em ofícios

Entrego as peças em finas filigranas

Estes versos, estou fazendo à toa

Quem sabe chegam alguns pedidos

Assim já prontos, já podem ser lidos

Quem sabe, em compensa, ganho uma nota boa

Pra mim ele tem um grande valor

Fiz, pois sei que assim, alguém vai ler

Nos meus atos, sempre, uma pitada de amor

Tempera nossa vida, e melhora bastante o meu ser.