COISA NADA - Poesia nº 70 do meu primeiro livro "Em todos os sentidos"
Um dia qualquer;
Saio sem nó de mim,
Num espaço que abalizo,
Pisando o frio do solitário,
Sem remorso no inverso de alguém,
Querendo apenas sem trova de mim,
Afogar o meu transparente soluço,
Buscando horas sem desculpas
Em alheios e ociosos desatinos,
Sem esbarrar-me em sombras...
Eis que o menos é mais,
Sempre onde houver curvas,
E são bem estas que te acham,
Sem o esforço desta procura.
E nem mesmo o querer ser, de fato,
Tanto que permeio entrar sem fugas,
Soçobrando-me desta imagem...,
...Do dia que quer logo se acabar.
Na matemática que somos,
O total se desfaz sem soluções,
Na historia que é costurada,
Na trajetória das ciências...
Há..., veja só! Mesmo assim,
Na alma não minha e oculta,
Assisto-a sem o ser,
Os teus olhos, os meus;
E não a noto por aqui,
Pelo ar que me faculta;
Pois, fico a construir-me,
Desconstruindo o tempo...
Agora,
Cobro-me pelo acordo,
Que se tem no pescoço,
Este enlace;
E vai apertando,
Esta outra face,
Que com ou sem
Uma esperança,
Sem ter a desgraça;
Numa veia de incertezas,
A cada dia vai me matando...!
A vida gorda ao lamber as horas,
Assiste o que ainda se passa,
Zombando da outra vida, magra,
Aos outros olhos morrendo!
E muito mais sem prazer, que um oco;
Muito lá atrás, no sussurro do ontem,
Via eu, uma frase estampada:
“Antes uma pequena coisa de nada,
do que um nada de coisa nenhuma!”
Eduardo Eugênio Batista
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