CIRANDA BELZEBU - Poesia nº 69 do meu primeiro livro "Em todos os sentidos"
Eu,
Forca ambulante,
Como gente suicida,
Que ainda desgostosa,
Traço a cada passo,
Uma meta sem destinos,
Ausente de favores
E deveres apagados;
...Entro na ternura do estranho,
Arrebato nostálgica..., o vil,
E deixo a minha carcaça dançar!
Também eu!
Que “Cristo” não carrego,
Pois, arreganho-me e falo
Do grande falo do “Coisa”
Que me veste com seus olhos,
Os desejos da carne quente,
Onde espectros sobressaem
Rompidos de androginias,
Em mil facetas libidinosas,
Na mestra linha entre este meu
Fluir do tênue, ao pecaminoso!
E todas nós!
Barrigas de aluguéis que inflam,
E parem filhos sem o distinto nome,
Como a defecar as meras incertezas
Do não querer, desta vida desgraçada!
Atada a romper com a iniquidade do meu isolamento,
Apenas consternada e quieta ao ver esse mal passar,
Eu pesco com as minhas unhas roxas de prostituta,
Ao pedir a comida das injustiças, que é a minha dor!
Mais fácil eu descer os degraus sem conselhos,
Do que amarrar-se na minha não sorte,
Subindo os degraus dos mandamentos.
Humanos tentam mais que a garganta já profunda,
Que engoliu muda - o sabor da inexistência fecunda,
A gritar o que nos mata silenciosas, de tantos sabores
Travestidas, sufocadas dentro desta ciranda entranha,
Que para a falsa moral deste mundo se arreganha;
Ó minha vida, ó vida minha de tantos horrores!
Eduardo Eugênio Batista
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