DESCULPEM A MINHA PREGUIÇA - Poesia nº 68 do meu primeiro livro "Em todos os sentidos"

Quando eu estou bem assim, nada me atiça,

Mais do que prova, fica molinho o meu corpo;

Nada mais para me cansar!

É essa mesma! A querida amiga preguiça,

Que me deixa assim, dissolvido no absorto;

Quero só deitar e sossegar!

E nada quero saber, nem cão latir também;

Se a visita chegar, dispensa bem rapidinho,

Que isso, é muito gostoso!

Barulho? Não quero ouvir pio de ninguém;

Ai! Como é bom estar aqui comigo sozinho,

Sonolento, frondoso!

Ô meu Oxum, por favor, cale essa cantiga

Feito agouro, da boca da petulante vizinha;

Êita, boca miserável!

Não é hora pra se ter uma acerbada intriga,

Quando quero dormir como uma criancinha;

Xô, bicho insuportável!

Ah! Quero-lhe tanto minha preguiça gostosa,

Talvez não só hoje, muito mais, o ano inteiro!

No travesseiro que extasia,

Em meu álveo te dengo, preguiça em prosa;

É bem assim que me acabo contigo faceiro,

Numa moleza que acaricia!

Ah, não me chame, não me acorde tampouco!

Aqui agora é o meu ninho, ninho da preguiça;

Tenho mais que direito!

Deixem-me! Mesmo a pensar que estou louco;

E nem santo venha me despertar desta justiça,

Na preguiça do meu leito!

Eduardo Eugênio Batista

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Setedados
Enviado por Setedados em 14/08/2015
Código do texto: T5346653
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