NUNCA-Pablo Neruda /Maria Thereza Neves
NUNCA
Pablo Neruda
Me há de ser noite a vida, não ouvi tua voz
quando me torturava a mais amarga dúvida,
eu que sonhei o santo poema do nosso amor
terei nos lábios tristes um duro esgar desnudo.
A Primavera em mil pedaços. Nunca
vou cantar no silêncio a divina canção.
Jamais... e como um nó me vibrará a doçura
pelos ventos feridos de minha perdição.
(tradução de: Thiago de Mello - livro: Cadernos de Temuco)
NUNCA
Maria Thereza Neves
Me há de ser viva tua sempre poesia
mesmo com as janelas fechadas
portas trancadas no passado
ainda escuto o som da tua voz.
A saudade sangra no silêncio vazio
a dor me abriga o peito
na pele o castigo se mostra
palavras rasgam as sombras da noite
e nunca mais acendem primaveras.
20/06/07
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