FUSCA COR-DE-ROSA
Comprei um fusca cor-de-rosa
E, lá fui eu todo prosa...
Passear pela cidade
Parei no primeiro posto,
Pedi pro frentista com gosto
Encha na total capacidade.
Ah, na porta pintei uma rosa branca
Pois que branca é a cor da paz.
Um verso de Florbela Espanca:
"Ó meu leito de núpcias irreais!..."
Pisei mais fundo no acelerador
E de outro verso me lembrei:
"Enigmáticas campas medievais..."
Nas quais, ser poeta era ser rei.
Então, manobrei o fusca cor-de-rosa,
E fui pondo um fim a minha viagem.
Mesmo com a alma triste e dolorosa
Entrei e guardei o fusca na garagem!