AVESSOS
Minha poesia foi abortada
Não há mais o verso embrião
Vomitei com gosto todas as estrelas,
vomitei as noites enluaradas
Que venha a roupagem das enxurradas
Quero a fumaça dos cigarros e das
madrugadas
Quero um trago de qualquer bebida amarga
Obviamente com gelo,
obviamente em taça de cristal
Odeio copos de botecos, sujos ecos
Gosto do sabor dos olhares que se despedem
da sátira noturna
Olhares de vidro, olhares de pedras,
olhares perdidos
Gente sem causa, gente marmorizada,
gente transcendental
À luz do sol se decompõe a magia,
em versos insanos, repetitivos, mecanizados
Por toda a terra fabricam-se humanos
Humanos fabricados na Terra
Desumanizados, condicionados, alienados, apressados
Felizmente sou de Marte e nada disso importa
Dê-me um cigarro ( cito o pedido já feito)
Dê-me um trago
E para finalizar eu quero qualquer canção mundana
Sente-se, serei gestante na calmaria da noite!