Sentidos

I

Oh, mundo inerte,

recebe a contemplação dos sentidos

e eis que transcenderás

a torpe fronteira da existência crua.

II

A natureza exibe-se nas cores,

sob a amplidão do olhar.

Passo pelas ruas:

pássaros, árvores, pedras...

Sem que eu pudesse contemplá-los,

o que seria das árvores, dos pássaros, das pedras?

A beleza de tudo não mora nas coisas,

mas em mim.

III

Uma abelha na flor.

Ordinária relação entre espécie que sustenta o mundo.

Mas neste liame necessário,

que pensa abelha da flor?

E a flor, o que pensa da outra?

Olho para aquilo e observo a Eternidade,

que é bela como abelha e flor.

IV

Sob a árvore, minha alma se extasia.

Aspiro toda aquela cor, que é aroma

e gosto e som.

Sou o que sinto.

Em minha boca, este puro e doce aroma verde

gorjeia na língua.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 25/07/2015
Reeditado em 18/04/2016
Código do texto: T5322957
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