Sentidos
I
Oh, mundo inerte,
recebe a contemplação dos sentidos
e eis que transcenderás
a torpe fronteira da existência crua.
II
A natureza exibe-se nas cores,
sob a amplidão do olhar.
Passo pelas ruas:
pássaros, árvores, pedras...
Sem que eu pudesse contemplá-los,
o que seria das árvores, dos pássaros, das pedras?
A beleza de tudo não mora nas coisas,
mas em mim.
III
Uma abelha na flor.
Ordinária relação entre espécie que sustenta o mundo.
Mas neste liame necessário,
que pensa abelha da flor?
E a flor, o que pensa da outra?
Olho para aquilo e observo a Eternidade,
que é bela como abelha e flor.
IV
Sob a árvore, minha alma se extasia.
Aspiro toda aquela cor, que é aroma
e gosto e som.
Sou o que sinto.
Em minha boca, este puro e doce aroma verde
gorjeia na língua.