O caboclo ( meu primeiro poema, ainda adolescente)
Adormecido em fé e ignorância
Rega nas mãos a sua inteligência;
Vez que o caboclo, desde tenra infância,
Faz do trabalho a sua consciência.
Embora não conheça o alfabeto
Escreve na terra sua obra prima:
A poesia que emoldura a rima,
Que lhe conforta e lhe dá um teto.
A poesia simples, o condimento.
A roça, a enxada, o suor do rosto;
A luta, a labuta , o amor, o gosto
De fazer das mãos o seu sustento.
Eu, que aluguei um banco de escola,
Da culta elite intelectual,
Realcei a inteligência cerebral
Que todos recebemos por esmola...
Quisera, ó caboclo, ter crescido
De sorte a alcançar tua grandeza.
Ser simples, como tu, por natureza.
Ser sábio de não ter mais aprendido!
Hoje aos sessenta anos, já vividos,
entendo este poema com clareza.
Adormecido em fé e ignorância
Rega nas mãos a sua inteligência;
Vez que o caboclo, desde tenra infância,
Faz do trabalho a sua consciência.
Embora não conheça o alfabeto
Escreve na terra sua obra prima:
A poesia que emoldura a rima,
Que lhe conforta e lhe dá um teto.
A poesia simples, o condimento.
A roça, a enxada, o suor do rosto;
A luta, a labuta , o amor, o gosto
De fazer das mãos o seu sustento.
Eu, que aluguei um banco de escola,
Da culta elite intelectual,
Realcei a inteligência cerebral
Que todos recebemos por esmola...
Quisera, ó caboclo, ter crescido
De sorte a alcançar tua grandeza.
Ser simples, como tu, por natureza.
Ser sábio de não ter mais aprendido!
Hoje aos sessenta anos, já vividos,
entendo este poema com clareza.