UM TEMPO, ENTREGO O MEU CORPO - Poesia nº 60 do meu primeiro livro "Em todos os sentidos"
Aqui dentro agora e lá fora,
Entre o meu ser e o saber,
Estou muito pouco no que há de louco;
Voo de mim na surda noite, vago e trago
Uma essência pura, mas talvez sem ter cura,
Ao que o suscetível, pugna pelo incorrigível...
E o elemento - é sempre o tempo,
Que se alimenta e se experimenta
No arremessar-se das promessas,
No vestir do eu de ontem..., a se ir,
Do hoje e..., do futuro que procuro!
Consome-me o dia prosa - toda a alegria;
Devora-me a noite seguinte com requinte,
Para qualquer madrugada vir e me engolir,
Em tudo que é - o falso sentir sem desistir.
Deste meu corpo não sobra nada,
No desejo da minha culpa levada.
Só a minha mente como indigente,
Das tantas ilusões que em aflições,
Já no desmanchar da carcaça que virou caça,
E ao infortúnio da minha vida, toda invadida;
Lembrou o sopro do meu coração,
Que se perdeu, no ar da solidão!
Eduardo Eugênio Batista
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