Carta

Fez-se presente no momento

O eco de teu sorriso leve

Agora ausente e absorto

No espaço de meu âmago,

Faz-se necessário teus olhos

Para o descanso da saudade

Desenhada nas esquinas,

Nos bares, restaurantes, praças

Documentando nosso passado,

Tenho para cada sorriso meu

Um lapso que dedico e divido

Com teu rosto pintado

Colorindo minha memória

Diluindo no meu rosto

O pranto que lhe causei,

Tenho o desconforto de não saber

Como foi seu dia, o que te alegra agora,

Quais os teus problemas,

De não ouvir tua voz

Viajada pela distância

Naquele idioma que construimos juntos,

Essa antologia das coisas simples

Marcada com a flor triste da distância

Essa ferida aberta que profetizou

A condição de viver a vida

Tendo que te amar ausente;

Os vendavais quixotescos

Das ilusões que definharam

Em um estúpido egoísmo

O futuro absurdo de promessas

Que anulou nosso presente,

Movo-me como brisa no agora

Estou alheio a tudo

E jardins florescem levemente

Com o sabor frustrante

De colher as flores longe de ti

Que plantou tudo junto a mim,

Houve muita interferência

De amargura sem razão de ser

De grandeza sonhadora

Para conquistar a paz

Para teus ouvidos bombardeados

Quis ser quem não sabia ser

Quis agir de maneira que não sabia agir

E assim não agi

Assim não fui

E essa máscara

Tirou a sensibilidade de nosso beijo

Me perdi no que não sabia fazer

Tentando decifrar enigmas

Querendo solucionar questões

Para encontrar a forma

De ter a paz nos rodeando

Para proporcionar-lhe felicidade,

A felicidade estava em sermos

As pessoas pela qual nos apaixonamos,

A única maneira de acontecer

Tudo o que fora esperado

Era sermos nós mesmos.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 11/07/2015
Reeditado em 19/11/2015
Código do texto: T5307349
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.