Carta II
Tenho tão somente o agora
Acordado do sonho do amanhã
Que iludira o passado
Fenecendo sempre de mãos atadas
O destino previsível do para sempre,
O frenesi de um futuro
Em um quadro realista no Louvre
Sem passado para realiza-lo
Restaurando o presente
Em um sonho quixotesco,
O frenético presente
Como o barco ébrio
Rodando a esmo em meio do oceano
Zonzo pelas pétalas espalhadas
Da rosa dos ventos espicaçada,
O leme gira mirando horizontes
Sem sair do lugar,
As flores se abrem como chagas
E bebem sal para consolidar a dor
De esperar pelo naufrágio certeiro
Esvaindo amor pelo tempo
Zelado na solidão
De ter que te amar na ausência.