A NATUREZA SOFRE

Penetrei no silêncio do arvoredo,

orientado pelas curvas do rio.

Um silêncio tétrico, frio,

me trouxe medo...

Ouvia pio, sentia arrepio.

Lá, depois do rio,

cantava um sabiá,

encantei-me, quis ir lá,

mas tudo parecia mistério,

até o canto do sabiá...

Árvores imensas

abrigavam o passado...

Em silêncio fiquei a espreitar...

Nada via além daquele rio sinuoso,

que deslizava e sumia silencioso.

Não havia, sequer uma borboleta,

talvez não tivesse flores...

Olhei em meu derredor,

vi galhos secos ao chão,

apertou-se meu coração,

pensei... decedi

sair dali...

Voltei para o mundo

do alarido,

um mundo sofrido...

Tive um desejo profundo

de entender esse mundo,

senti-me perdido...

Esse é o mundo da incoerência,

por isso, a natureza vive triste,

o dedo do homem em riste,

determina a violência

fere, sangra a floresta

acaba a alegria, a festa

das flores

já não se vê colibris,

a natureza agoniza,

são as dores,

aos pouco some-se a beleza

e tudo se torna triste

na natureza.

Brasília, 15 de março de 2006

Tarcísio Ribeiro Costa

Tarcísio Ribeiro Costa
Enviado por Tarcísio Ribeiro Costa em 17/06/2007
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