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homens de chapéu no centro da cidade

conversam sobre cadilaques e buiques

bebês e crianças da mais tenra idade

vestidas de santos e anjinhos carolas

mamães distintas pobres porém chiques

um senhor muito rico traz sobre si uma garbosa cartola...

criadas carregando trouxas engatam uma prosa

às portas da venda onde balaios oferecem o frescor

de imensas laranjas do interior e ovos cor-de-rosa

os barbeiros fecham pro almoço

os mascates sofrem com o calor

moscas pousam sobre o filó dos tremoços

a roda se forma ao redor do homem que teve mau súbito

uns garantem o óbito, outros preferem culpar a cachaça

todo o drama daquele homem se transforma em bem público

chega a polícia para levá-lo à santa casa

a roda se desfaz então ressurge a praça

morreu, mais tarde, e foi posto em cova rasa

homens sem chapéu afrouxam as gravatas

conversam agora sobre as moças de certa rua

das veteranas competentes às belas novatas

vestidas de tanto pano quanto um lenço

conhecem tanto a noite como a própria lua

envoltas em mistério, seda, alfazema e incenso

mamães distintas pobres porém chiques

continuam a falar de seus rebentos católicos

e de como homens que não chegam lhe dão chiliques

vigiam a porta e se esquecem das panelas ao lume

quando surge o marido duma, sorumbático e melancólico

se dizendo exausto mas saudoso daquele outro perfume

a criada se recolhe depois da louça lavada

amanhã terá assunto quando topar com as outras

às portas da venda onde barris de favas rajadas

e mantas de carne-de-sol compartilham segredos

acumulando-os como falsas pérolas em ostras

exibindo-os como belos anéis nos dedos.