Um dono sem cão
Vendi minha choupana de verão
com tudo o que havia dentro dela:
a lua que era vista da janela
e as flores espalhadas pelo chão.
Vendi o sonho, ainda em construção,
de reformar o mar e o jardim
e junto, o pedaço a mais de mim
guardado no latido do meu cão.
Vendi também o sol do ano inteiro
como emolumento de escritura.
Vendi, enfim, a brisa, a frescura...
pra conseguir juntar algum dinheiro.
Só não vendi meu riso derradeiro
ao sentir o meu cão sentir saudade.
Hoje, a vergar no peso da idade,
sou um dono sem cão e sem dinheiro.
Vendi minha choupana de verão
com tudo o que havia dentro dela:
a lua que era vista da janela
e as flores espalhadas pelo chão.
Vendi o sonho, ainda em construção,
de reformar o mar e o jardim
e junto, o pedaço a mais de mim
guardado no latido do meu cão.
Vendi também o sol do ano inteiro
como emolumento de escritura.
Vendi, enfim, a brisa, a frescura...
pra conseguir juntar algum dinheiro.
Só não vendi meu riso derradeiro
ao sentir o meu cão sentir saudade.
Hoje, a vergar no peso da idade,
sou um dono sem cão e sem dinheiro.