Estrada Nua
Sonhos são como pedras na estrada
É necessário tropeçá-las
Para se sentir o sabor da vida.
Sabor de terra suada
Rasgando o rosto brutalmente no tropeço dado
E na inerente queda.
Necessário é sentir a dor e o sangue derramado
E a mosca na ferida aberta
E o joelho esfolado
E o arranhão no rosto.
Cuspimos nos sonhos, chutamos a pedra
Arremessamo-la ao longínquo.
E seguimos imbecis à sua procura
Na estrada nua.
Fracassos são como caídas tâmaras na estrada.
É necessário ignorá-las
E não sentir seu sabor acridoce.
Sabor de folhas voando sobre os pés massageados
pela terra verde e morna.
Necessário é não sentir
o sabor da fruta caída
E do indefeso alimento
E do mel da preguiça
E do convite a parar.
Bendizemos o fracasso, saboreamos a tâmara
Guardamo-la nos bolsos.
E sentamos idiotas esperando os sonhos
À beira da estrada nua.