Na noite
A noite cai lenta por trás da janela rasgada
Onde, pendurados estão os retalhos de uma veste suja
A janela quase nua abre espaço à retomada
Que diz à escuridão para que surja, inebriada
No escuro, sonhos vão fugindo, camuflados
Onde o medo, a ganância e a luxúria...
Numa única peça vão sendo tecidos
Em passados e futuros e presentes
Sonhos torpes, pelo tempo enegrecidos
Amores que se vão, seres ausentes
É que na luxúria vivem sempre os prazeres
Escondidos por vergonha e renascidos
Sonhados mil vezes e mil vezes esquecidos
É que na noite a realidade vira pesadelo
Ferido, ardido e aflito
Tantos medos revividos e tantos partidos
É que na noite os amores não doem
São vivos, são amantes delirantes
São tantos amando e poucos insones...