Na noite

A noite cai lenta por trás da janela rasgada

Onde, pendurados estão os retalhos de uma veste suja

A janela quase nua abre espaço à retomada

Que diz à escuridão para que surja, inebriada

No escuro, sonhos vão fugindo, camuflados

Onde o medo, a ganância e a luxúria...

Numa única peça vão sendo tecidos

Em passados e futuros e presentes

Sonhos torpes, pelo tempo enegrecidos

Amores que se vão, seres ausentes

É que na luxúria vivem sempre os prazeres

Escondidos por vergonha e renascidos

Sonhados mil vezes e mil vezes esquecidos

É que na noite a realidade vira pesadelo

Ferido, ardido e aflito

Tantos medos revividos e tantos partidos

É que na noite os amores não doem

São vivos, são amantes delirantes

São tantos amando e poucos insones...

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 15/06/2007
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