AGRADEÇO A MEUS PAIS
Agradeço a permissão
de não surrar meus filhos,
embora tenha sido surrado.
Agradeço a permissão de ser advogado,
embora me quisessem médico.
Agradeço a permissão para abraçar,
embora não tenha sido abraçado.
Agradeço a permissão de perdoar,
ainda que jamais tenha sido perdoado.
Agradeço a permissão de poder escutar,
ainda que jamais tenha sido escutado.
Agradeço a permissão de jamais
abandonar aqueles que amo,
embora já tenha sido abandonado.
Agradeço a permissão de ser ateu,
ainda que tenha sido "batizado",
"catequizado" e "crismado"
numa religião que não escolhi.
Agradeço a meus pais
os olhos azuis
e a permissão de não ser nazista,
a pele branca e não ser racista.
Agradeço a meus pais a permissão
de não ser como eles,
necessariamente.
E a permissão para escolher aquilo
em que quero ser igual a eles.
Agradeço a permissão de amar,
ainda que não tenha me sentido
amado.
Agradeço pela permissão
de me olhar no espelho
e me reconhecer
e aceitar a velhice
e aceitar a tristeza
e aceitar o destino
e ser humilde.
Agradeço a permissão de viver
e querer viver.
Agradeço os cuidados, as vacinas,
os antibióticos,
as proibições, os conselhos.
Mas, acima de tudo, agradeço
a permissão de ser o que sou
e de poder escolher
a forma como vou morrer.
Agradeço a permissão
de não surrar meus filhos,
embora tenha sido surrado.
Agradeço a permissão de ser advogado,
embora me quisessem médico.
Agradeço a permissão para abraçar,
embora não tenha sido abraçado.
Agradeço a permissão de perdoar,
ainda que jamais tenha sido perdoado.
Agradeço a permissão de poder escutar,
ainda que jamais tenha sido escutado.
Agradeço a permissão de jamais
abandonar aqueles que amo,
embora já tenha sido abandonado.
Agradeço a permissão de ser ateu,
ainda que tenha sido "batizado",
"catequizado" e "crismado"
numa religião que não escolhi.
Agradeço a meus pais
os olhos azuis
e a permissão de não ser nazista,
a pele branca e não ser racista.
Agradeço a meus pais a permissão
de não ser como eles,
necessariamente.
E a permissão para escolher aquilo
em que quero ser igual a eles.
Agradeço a permissão de amar,
ainda que não tenha me sentido
amado.
Agradeço pela permissão
de me olhar no espelho
e me reconhecer
e aceitar a velhice
e aceitar a tristeza
e aceitar o destino
e ser humilde.
Agradeço a permissão de viver
e querer viver.
Agradeço os cuidados, as vacinas,
os antibióticos,
as proibições, os conselhos.
Mas, acima de tudo, agradeço
a permissão de ser o que sou
e de poder escolher
a forma como vou morrer.