oca
Eu me espremo
e a consciência não cabe
no latejar da minha pele.
A existência que eu persigo
foge-me pelos dedos
e se dissolve
numa indefinida cor de por-do-sol
Um dia eu acordei
e a minha alma já não voltou a mim
eu a persigo desde então
mas não a encontro
escrevo esse poema
na tentativa vã de chamá-la
mas elas não vem
e o poema não sai
permanecendo na boca
apenas um gosto levemente amargo
de um resto de alma escarrada
Eu me expando
e a consciência não alcança
a totalidade do ser
a existência perdida
nem sentido faz.
Eu chamo o meu nome
mas o eco da minha voz
não é a minha voz
E eu me agarro no desespero
porque senti-lo ainda é um privilégio
pois chegará o dia
em que a ausência de mim
será indiferente
e nesse dia eu não mais me chamarei,
me procurarei ou me escreverei
neste dia eu simplesmente
não irei mais ser