alcateia

Eu uivo para a lua,

A grande mãe que sempre acolhe,

Junto com os lobos solitários

Que se reúnem apenas na lua cheia

Eu corro e caço com eles

Descalça pela selva desabitada

e fujo sorrateiramente

a cada vez que ouço barulho humano

A civilização hoje é apenas um sonho

Um manicômio em que se finge estar bem

Eu a nego, eu me recluso

Prefiro viver só nessa alcatéia de solidão

Até desaprender a fala e o raciocínio

Até que o gosto da carne crua me satisfaça

até que não me lembre de mais nada

e passe a me guiar apenas por instinto

Há coisas que só podem ser expressas latindo