Poeta
Dizem que sou poeta,
não, sou um burocrata,
mas é uma pena não ser poeta,
seria um sonho.
Falar de utopias,
verbalizá-las? Não, vivê-las,
lançar-me freneticamente sobre meus ideais,
cair e levantar,
apenas pela emoção,
aliás, não fazer planos,
apenas olhar o mundo e se jogar livremente,
o sol, o vento, o mato, as águas,
estão todos aí e eu distante.
Sinto na verdade que o mundo precisa de mais poetas,
menos cálculos, mais impetuosidade,
quedas de verdade, sofridas,
reconciliações estonteantes, alardeadas,
liberdade para amar,
AMAR!
Tudo parece preso,
analisado,
tudo tem um preço,
sentimento tem medida,
abraço tem um tempo,
o beijo é técnico,
o corpo é modelado.
Queria mudar o mundo,
mas me perdi em projetos,
em procedimentos,
em padrões,
em planilhas.
Profetizo mudanças,
andaremos pelas ruas sorrindo,
navegaremos em calmarias,
as tempestades, as erupções e os terremotos serão admirados,
não serão catástrofes,
teremos que viver em paz.
Mas só virando poetas,
MESMO!