O eu de outrora

Passa da meia noite, o sono fugiu mais uma vez
A noite fria suspirando, esperando talvez
Lembrando os horrores escondidos em minh’alma
Ferida aberta, sangrando em sua altivez
Lembranças do passado perdido que não acalma

Só quem enfrentou o longo filme da própria vida
Sua esperança aniquilada e destruída
Encarando o espelho negro e sobreviveu
Sente agora o suspiro da noite perdida
Sonhando e cavalgando seus limites, se perdeu

O peito dói, sussurrando louca obscenidade
Sussurros estúpidos, imprecisos de vontade
Tal qual fria navalha que desliza delirante
Espera só mais uma vez a oportunidade
De se instalar, enraizar no peit´ofegante

Esse fantasma do não eu que assombra e destrói
A coragem do novo dia, de antemão corrói
E na noite fria, fina inocência perdida
Feridas abertas, nesse peito que ainda dói
A dor de minh´alma esquecida, enlouquecida

As longas horas passam em loucuras, devaneios
Madrugada adentro, cristalizando receios
Triste fantasma já não reluta em ir embora
O dia clareia! Voltam as forças e meus anseios
Reagir! Hora de espantar o eu de outrora