Nova semana

No limiar da nova semana que se estende faceira,

sorrindo zombeteira e antecipando o regozijo

pelos sonos perdidos, sofrimentos, paixões ardentes

ou verdades descrentes.

Semana nova, irascível, não se surpreende

com a estupidez humana que sofre por

antecipação, por loucuras e devaneios que jamais

existirão. Esse sofrimento é tudo menos belo, pois dá vida e forma

o elo entre o que não existe e nossa condição

onde o sofrimento é real.

Se não fosse essa condição humana de sofrer

por algo que não existe, o irreal

não teria onde se expressar. Não teria como incomodar

nem mesmo pré-ocupar e assim, não existiria de

vez. O não real existe através da pré-ocupação

das mentes que lhes dão vida.

A fatalidade de uma nova semana vem como o crivo

da flecha que disparada, exclama, “sou livre, sou livre”.

Tola insensata, estás com a trajetória marcada pelo

atirador e não lhe compete escolher

se tombará sem vida o inimigo ou se crivarás

seu destino no solo antes estéril e agora

coberto de sangue.

Semana nova que sempre vem é terreno fértil

para cultivar as farsas pessoais, os sofrimentos débeis,

onde a pré-ocupação vem com seu papel

principal, e não como mera coadjuvante na

cena das insatisfações.

Semana nova, vida nova, paixões antigas

e o ser humano mais uma vez sendo o que é:

tudo menos humano.

Fábio Malko
Enviado por Fábio Malko em 04/05/2015
Código do texto: T5229774
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