Vigília
Ela tossia, tossia, tossia...
Tomou chá, xarope, água morna.
Chupou pastilha.
Rezou engasgada.
Fez simpatia.
Tossia, tossia.
Maldito picolé!
Raspei minha garganta,
Na ânsia involuntária de limpar
a dela.
E o vírus gargalhava.
A garganta coçava.
E coçando tossia.
E tossindo coçava.
De repente acalmou-se.
Falei: segura, segura, relaxa!
Abre a janela.
Estamos todos sem ar.
Acabou dormindo, de tanto tossir.
Mas já era tarde.
Acordara a rua, o bairro, a cidade,
que,
em vigília,
esperavam a tosse voltar.