Servidão

O homem, atado ao cais do passado, plange

a derribada do sol de encontro ao mar,

vermelho pastoso, sangue venoso

que já não nutre o bulício das estrelas

No vazio que rói a existência só a solidão

da argila cinzelada e friável dos sonhos

O exílio inelutável das veredas e dos rios

rumo ao vermelho viscoso do sol no mar

Ébrio de si lá vai o homem arrancado ao barro

rastejando sua docilidade impudente em degredo,

sempre um passo antes da porta aberta e seu vigia

sempre uma agonia antes do mar e do golpe rude do vento

Servo entre os servos,

atado ao passado

e ao feitiço introjetado dos preconceitos,

numa submissão calada,

lá vai o homem

ruminando impropérios

e o visceral medo do final dos dias