Quieta
Quieta...
A vida adormeceu no suave silêncio
que a brisa trouxe de mansinho
envolvendo a ilha e a sombra das árvores
onde só se ouvia o melífluo canto dos pássaros
Quieta...
A vida espera
a brisa toda passar
e o passarinho calar as suas solidões
e o tempo dizer todos os seus espantos
Quieta...
A vida tange matizes para
que nasçam as flores mais bonitas
no jardim onde o passado fugaz
trouxe-me um anjo
e suas mãos mui delicadas
e seus olhos tão azuis
e lábios doces e rubros
num rosto emoldurado
por cabelos cor de trigo
Quieta...
A vida permeia
a ternura em meio a dança
nos braços da linda moça
com seu batom carmesim
espera quieta espera
toda a ternura do mundo
num mangá feito a nanquim
Quieta...
A vida vê no caminho as sombras
nas quais se reconhece
nos espelhos desfocados pelo vento
e pelo calor que dissolve o ar
são sete vidas agora
e sete botas de sete léguas
com passos de borzeguim
quando a vida me chamar
percebendo-me lasso
diante do meu cansaço
me dê a vida
o meu fim
por que nada sou
além do desespero
à espreita
da Verdade que há em mim