Passarinho

Passarinho, que lhe soltaram da gaiola, pra viver infeliz,

Passarinho que não sabe mais cantar, que tiraram sua alegria pela raiz,

Passarinho que voa o dia todo sem nenhum rumo, sem nenhum prumo,

Passarinho que depositou sua alvorada resplandecente erradamente em algum lugar.

O pobre do Passarinho que se perdeu no mundo, que caiu em um abismo profundo,

E não sabe mais sair, coitado, desolado vive um baixo astral imundo,

E ainda tem que cantarolar no sétimo dia, como se nada tivesse o abalado,

Como se o Passarinho fosse só mais um, como nada precisasse ser disfarçado.

Voa Passarinho, de galho em galho em busca de algo,

Voa em treze deles e depois volta ao teu ninho,

Os galhos secam e se quebram, um de cada vez,

Só tua morada te cura, te dura, tira tua amargura, talvez.