ATRAVESSANDO O RIO...
Da vida, a voragem,
mais um dia engoliu
e a mim...
Mais uma noite fugiu!
E assim...
Eu fico na margem,
impávida mas não serena,
falena frágil, pequena,
receando atravessar o rio...
Falena grácil, saudosa,
mariposa ágil, medrosa,
me elevo em voo errático,
voo lesto, enigmático...
Em piruetas curtas e rasas,
adejam minhas ténues asas
e, em luta com a leve aragem,
me poisam na outra margem...
Então, já ultrapassado o medo
e como se descobrira um segredo,
compreendi que muito mais cedo
eu deveria ter atravessado o rio!...