algo novo
andei solto
andei muro
andei fachada
desgarrado de tuas mãos
apertado entre palavras
e emoções tortas
e eu me consumia,
e não me abrigava no
meu próprio corpo.
o que eu buscava,
o que eu queria.
nem hoje sei,
talvez nunca saberei
então numa dessas tardes
vi os galhos de teus olhos
o emaranhado de tua angustia
e soube num relámpago,
que compartilhávamos
o mesmo assoalho, o mesmo
chão, a mesma agonia de não
ter asas ou o olhar do Grande Homem;
fui até a cozinha,
lavei as xícaras do café da tarde
varri o chão empoeirado
abri tremendamente a janela
do perdão e o sol, esse que
sempre estivera no alto
molhava de alegre a relva da rua.
algo voltou a viver dentro do meu
coração.
( o sol sempre molhou a rua
de alegre)