algo novo

andei solto

andei muro

andei fachada

desgarrado de tuas mãos

apertado entre palavras

e emoções tortas

e eu me consumia,

e não me abrigava no

meu próprio corpo.

o que eu buscava,

o que eu queria.

nem hoje sei,

talvez nunca saberei

então numa dessas tardes

vi os galhos de teus olhos

o emaranhado de tua angustia

e soube num relámpago,

que compartilhávamos

o mesmo assoalho, o mesmo

chão, a mesma agonia de não

ter asas ou o olhar do Grande Homem;

fui até a cozinha,

lavei as xícaras do café da tarde

varri o chão empoeirado

abri tremendamente a janela

do perdão e o sol, esse que

sempre estivera no alto

molhava de alegre a relva da rua.

algo voltou a viver dentro do meu

coração.

( o sol sempre molhou a rua

de alegre)

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 06/03/2015
Código do texto: T5160207
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