Ao filho que ainda não tive II.
Rio, 20.02.2015.
Ao filho que ainda não tive II.
Olá... Não sei se
Menino ou menina. Vai saber...
Agora meu coração
Aperta quando penso em você.
É que está se tornando cada
Vez mais incerta a possibilidade
De eu gerar outro ser.
Veja pelo lado bom, talvez isso
Seja uma tremenda sorte sua...
Ah mas eu queria que você
Pudesse contemplar a lua.
Te levar pra ver o mar e amar
Te ver, feito eu, deslumbrado
Com toda aquela imensidão,
Ainda que fosse odiar,
Te incentivar a aprender
A tocar violão...
Essas coisas que ainda tenho
A esperança que venha a saber,
Não imagina o quanto ando
Ansioso querendo te ter.
Eu nem sei se pra ser pai
Ou se pra resgatar o pai que
Nunca tive ou os dois,
Sei que pra mim vai significar
muito mais que tudo isso depois.
Mas pensando bem tem
A coisa da corrupção, da falta
de valores e o glutém nos pães,
Se bem que tudo compensa
Quando você conhecer sua mãe.
Existe um problema sério de
Racionamento de água
Por conta das nossas besteiras,
Se puder me ouvir venha logo
Pra eu te levar pra
Mergulhar nas cachoeiras.
Você não vai entender
No inicio, mas a minha médica
Me diagnosticou com mania,
Talvez seja isso que esteja
Me estimulando a escrever
Essas linhas.
Mas ao mesmo tempo
Me parece que em algum lugar
Você também aguarda
Ansioso pra ser concebido,
Me parece mesmo que já
Estamos predestinados
A ser pai e filho.
Eu vou mudar tudo agora,
Vou tentar ser mais prático,
Estou até pensando em
Um emprego formal.
Falo serio, não caçoe.
Até quem sabe um dia e que
Deus lhe abençoe.