Lembranças

A condução articulada

Lembra-me uma sanfona descompassada

As avenidas movimentadas

O ir e vir das pessoas

Em ritmo frenético das metrópoles

Parece o subir e o descer de uma canoa

Crescimento desordenado

Prédios imensos cortando os céus

Chuva cai molhando as ruas

Encharcando marquises e para peito

Os sem tetos abrigam-se

Os passarinhos balançam para tirar o excesso de água

Árvores encharcadas

Enxurrada de águas barrentas

Oriundas de um morro esbarrancando

Quando criança colocava os pés nestas águas

Geladas, correntes desesperadas

Buscando passagem em um bueiro qualquer

Lembro das grades de ferro

Que protegiam estas bocas-de-lobo

Tinha medo de deixar cair um dinheiro lá dentro

Uma vala, que nem uma vela clareava

Lugar escuro de águas mal cheirosas

Empoçadas de águas que tomaram posse daquele lugar

Quantas lembranças guardamos

Quantas marcamos

Quantas deixamos de lembrar

E quantas ainda iremos recordar...

Criança tem que brincar!

Para mais tarde relembrar... de eras longínquas

Que nos faz remoçar

Helbert Vinícius de Faria
Enviado por Helbert Vinícius de Faria em 07/02/2015
Reeditado em 07/02/2015
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