Lembranças
A condução articulada
Lembra-me uma sanfona descompassada
As avenidas movimentadas
O ir e vir das pessoas
Em ritmo frenético das metrópoles
Parece o subir e o descer de uma canoa
Crescimento desordenado
Prédios imensos cortando os céus
Chuva cai molhando as ruas
Encharcando marquises e para peito
Os sem tetos abrigam-se
Os passarinhos balançam para tirar o excesso de água
Árvores encharcadas
Enxurrada de águas barrentas
Oriundas de um morro esbarrancando
Quando criança colocava os pés nestas águas
Geladas, correntes desesperadas
Buscando passagem em um bueiro qualquer
Lembro das grades de ferro
Que protegiam estas bocas-de-lobo
Tinha medo de deixar cair um dinheiro lá dentro
Uma vala, que nem uma vela clareava
Lugar escuro de águas mal cheirosas
Empoçadas de águas que tomaram posse daquele lugar
Quantas lembranças guardamos
Quantas marcamos
Quantas deixamos de lembrar
E quantas ainda iremos recordar...
Criança tem que brincar!
Para mais tarde relembrar... de eras longínquas
Que nos faz remoçar