que de tanto de fez vida

Não é daqui

O tempo eterno

É do outro mundo

Outro que não

Sei,

Que não experimentei;

Mas é daqui a alegria,

a Iluminada carga

das coisas que existem,

o brilho primordial

daquele que acordou

e deu de cara

com a dormência

da vizinhança

Do dia

a sua alma clara

seu bastião de verdade

Senda aquecida pelas

Frestas herdadas;

Somos flechas

E somos alvos;

e isso me dá alegria

e me cala por algumas

horas

Ardemos

na densidade da

consciência

Não me pergunte

De outro mundo

(não sei nada das veredas celestes)

a única coisa que tenho

é sonho

talvez eu seja o sonhador,

talve alguém

que me sonhe

e eu seja apenas

um espirro dentro da vida

mas minha imaginação dá o tom

das corredeiras que desejo,

conheço de perto

as pedras e a terra que piso

os calos

estão ai para me ancorar,

e para não me deixar mentir

tenho cicatrizes que falam

o idioma dos que viveram,

busco nessa vida

o lugar aquecido

a chama que alimenta

o pão que nos forra o estômago.

Abro as janelas

Do coração quando perco o medo

No mais,

Habito o meu corpo

que de tanto se fez vida

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 27/01/2015
Reeditado em 27/01/2015
Código do texto: T5115942
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