que de tanto de fez vida
Não é daqui
O tempo eterno
É do outro mundo
Outro que não
Sei,
Que não experimentei;
Mas é daqui a alegria,
a Iluminada carga
das coisas que existem,
o brilho primordial
daquele que acordou
e deu de cara
com a dormência
da vizinhança
Do dia
a sua alma clara
seu bastião de verdade
Senda aquecida pelas
Frestas herdadas;
Somos flechas
E somos alvos;
e isso me dá alegria
e me cala por algumas
horas
Ardemos
na densidade da
consciência
Não me pergunte
De outro mundo
(não sei nada das veredas celestes)
a única coisa que tenho
é sonho
talvez eu seja o sonhador,
talve alguém
que me sonhe
e eu seja apenas
um espirro dentro da vida
mas minha imaginação dá o tom
das corredeiras que desejo,
conheço de perto
as pedras e a terra que piso
os calos
estão ai para me ancorar,
e para não me deixar mentir
tenho cicatrizes que falam
o idioma dos que viveram,
busco nessa vida
o lugar aquecido
a chama que alimenta
o pão que nos forra o estômago.
Abro as janelas
Do coração quando perco o medo
No mais,
Habito o meu corpo
que de tanto se fez vida