poema quase limpo
hoje eu não quero
abrir essa porta
só por prazer.
preciso que esse vento
venha lento
em branco e preto;
quero a artéria sangrando
senão eu sangro aqui dentro,
é matéria;
hoje não tem pra ninguém
vou ter o desdém
do cheiro da rua
ou volto sozinho
mesmo sem chuva;
lamber as feridas
distribuídas ao chão
em cada esquina
gritando paixão;
não me olhe desse jeito
com esses mamilos de ódio
de carne, de fome
que no meu peito não há remédio
não há o que fazer, não há nome.
hoje eu não quero
abrir essas pernas
só por prazer.