Querido "amigo"

Sinto-me pequena, inútil.

O mundo recai sobre mim

E seu peso a me sufocar.

Sinto o mundo

gigante, vazio

agir sobre mim.

Sinto cheiros, sabores e medos

desejos mal feitos.

Quando enfim terei um fim?

Sorrisos amarelos.

Frios abraços.

Olhares vazios.

Corações amargos.

Não adianta gente que não se importa,

cujo coração logo se desbota.

Para que tanta maestria

em coisas vãs, tuas quinquilharias?

A mesquinhez humana ainda não atingiu seu ápice?

Ora, some-te covarde!

Antes que tua áurea em putrefação

estrague de vez a minha arte.

Deixe-me sozinha,

bem longe do teu clamor.

Os poucos que levarei comigo,

ah, esses sim,

receberão tudo o que poderei dar.

Espero assim poder caminhar,

Longe de todo mal que fazes

à eles, à nós, à vós.

Não te cansas fazer-me pequena?

É a minha alma que envenenas.

Deixarei-te em teu mundo,

esse em que vivemos, assim, obscuro.

Encontrarei o refúgio que preciso

em um simples abraço amigo,

bem longe daquilo que me faz sofrer.