Pobre Diabo

Na inebriante escuridão,

Um pobre velhote agoniza sozinho.

Sua cabeça revive seu passado,

Numa explosão semelhante a que

Seu peito safenado sente no momento do infarto.

Falta-lhe o ar.

Alucinações atormentam seus últimos minutos.

Ouve angelicais vozes infantis,

Deferindo-lhe acusações de má paternidade.

Vê imagens desconexas e obscuras

Rodeando seu túmulo domiciliar.

As vozes se calam,

As imagens desaparecem.

Reina o silêncio absoluto.

O pobre velho não vive mais.

Maravilha.

Um peso à menos para a Previdência.

H Costa
Enviado por H Costa em 30/05/2007
Reeditado em 02/06/2007
Código do texto: T507313