Pobre Diabo
Na inebriante escuridão,
Um pobre velhote agoniza sozinho.
Sua cabeça revive seu passado,
Numa explosão semelhante a que
Seu peito safenado sente no momento do infarto.
Falta-lhe o ar.
Alucinações atormentam seus últimos minutos.
Ouve angelicais vozes infantis,
Deferindo-lhe acusações de má paternidade.
Vê imagens desconexas e obscuras
Rodeando seu túmulo domiciliar.
As vozes se calam,
As imagens desaparecem.
Reina o silêncio absoluto.
O pobre velho não vive mais.
Maravilha.
Um peso à menos para a Previdência.