[Calados como um cavalo]
Tolstoy tem razão:
em certos instantes,
os humanos estamos calados,
submissos como um cavalo...
E então, de algum modo acontece,
por via dos azares da vida besta,
que certas pessoas têm o poder
de nos fazer sentir como deve se sentir
o cavalo mudo que está prestes
a receber e aceitar o freio e o arreio.
Então, olvidados do fato irrecorrível
de que viver é agir sempre,
agir ainda que sem esperança,
os humanos estamos sem ação,
ou pior: sem vontade de ação...
Com sorte, um tranco no cabresto
pode nos despertar da indolência.
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[Desterro, 10 de dezembro de 2014]