Pássaro
 
Um Pássaro solitário andou por desertos floridos,
Trouxe no bico, dos cumes de dunas estacionárias,
Floretes e areias incandescentes,
Imagens noctilúcias de um profundo crepúsculo
E ventos contra-alísios no olhar;
Enquanto eriçava as asas repletas de polens
Fecundava terras férteis em cantos esquecidos
Perpetuando nobrezas desérticas
Em fúnebres representações.
 
 
Flor
 
Confinada em uma Zona de Sombra de Chuva
Sentindo o ar úmido se elevar
Pelas encostas de uma escarpa,
Uma Flor evaporítica rufla as pétalas
Numa dança copulativa;
Aguarda o ponto de orvalho.
 
O percurso lento e seco das horas
Sobrecarrega o vento de tédios...
No sombrio da paisagem
Despenca-se a flor em delírio
A colher plumas que caem
Da imagem do Pássaro ido;
Embebeda-se com cristais afilados
Como se bebesse do vinho.
Ana Liss
Enviado por Ana Liss em 07/12/2014
Reeditado em 07/12/2014
Código do texto: T5061520
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