É tarde
Sábado, sétimo dia...
Triste e enfadonha cai a tarde
com o morno bafo de asfalto
de tema nocivo e fosco.
Pelas irrisórias frestas da densa cortina de concreto
vê-se, ao longe, o horizonte,
paisagens nubladas
às lentes com cataratas;
Em meio aos automóveis
ciclistas gentis fumando
o dióxido de carbono
e os cegos imbecis achando
que o ar não pertence a todos.
E a minha esperança de melhores dias
é inversa aos hiatos que vejo
estampados nas fachadas
dos transeuntes selvagens
com seus torpes egoísmos.
Pro lado de dentro inclino,
tenho a terrível sentença:
Que a tarde é pra sempre noite...
E que nos vindouros dias
verei, de novo, que é tarde.
Beto Acioli
22/11/2014