Recepção Póstuma de uma Primavera

Dêem-me uma dose de inocência

Para minha juventude adulterada,

Quero um sorriso espontâneo e embriagado de sobriedade,

Desses provocados por coisas simples

Em momentos reinados pela ociosidade

Quando enxergamos nos olhos de um estranho o próprio sorriso

E sentimos um aperto doce no peito como abraço de bem-querer

E o pudor bruto das palavras é substituído por um íntimo silêncio,

A minha solidão é desfiada em sonhos cerzindo seu rosto,

As colheres de trevas que tomei

Jogou-me enfermo nos braços do esplendor,

Os meus olhos sofrem de fraqueza por tanta beleza,

Em meu peito pulsa o contraste com o para sempre

E eu sinto a música terna do ocaso a me esperar

Sabendo que ela continuará no seio da aurora

Enquanto eu com as mãos em meu seio que te pertence

Volto para o ventre da terra para servir de adubo

Do amor que cultivei no tempo em que minhas mãos o plantavam.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 06/11/2014
Reeditado em 21/07/2016
Código do texto: T5025707
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